domingo, abril 8
Estado de exceção
Desmancham-se as instituições.
Mancham-se de vermelho as mãos.
E o sangue que escorre é negro, indígena, de matriz africana, marginal.
Enquanto a “nobreza” reconstitui privilégios, angariando para si novas moradas,
O índio, sem auxílios, ainda luta por oca, os quilombos ainda persistem às margens de uma história que reitera barbáries,
O preto e pobre sem teto, sem casa, sem piso resiste nas periferias de um novo velho mundo.
A bala que persegue pretos corpos, apagando existências, tem teto, endereço fixo e ressoa os ecos de um presente passado em que a liberdade nunca foi áurea.
A bala que encontra o menino perdido, cerceando liberdades, aprisiona os sonhos de jovens corpos negros às cruezas de um Estado de exceção que se faz regra.
O Golpe que atingiu Maria, Marielle, Rafael é o mesmo que acertou Zumbi?
O fogo que queima na Maré é o mesmo que incendiou Palmares?
Por que a injustiça sentenciada para Braga não atinge Borges?
Por que os direitos delegados a poucos são sugados de muitos.
É assim que a história vai, mais uma vez, capitalizando corpos?
A quem interessa a política do medo?
Quem dá munição ao que passa na televisão?
Ao passo que o grande trauma brasileiro estrategicamente persiste, as vozes Marielle, Gonzalez, Dandara, Carolina, Firmina, mesmo que atingidas por golpes vários, resistem ao Estado de exclusão.
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