quinta-feira, abril 7

Na superfície do caos

Na superfície da crosta, de costas para o caos, o que eu vejo é você.
_Pé-de-moleque pode, mamãe? Eu vou escovar o dentinho, eu prometo.
_Mamãe, agora eu sou Patati Patatá...
_Depois você me leva ao parque, eu vou andar de roda gigante, eu já cresci mamãe, não tenho medo mais. Quer ver que eu não tenho medo mais?
_Papai, por que papai do céu "fez eu" de João Gabriel? Como a gente chega lá na casa dele? Por que sua mãe foi morar com papai do céu, mamãe? Ela não gostava de morar aqui?

Você ali, criança encantada com o mundo para além da minha barriga, e nós aqui na superfície do caos.
Como contar para você filho, que o lobo não é mau, que mau mesmo é o ser humano?
Você diria:
_O que é ser humano mamãe?
Eu não sei mais filho....
Será que é quem precisa cercar com um arame que dá choque a sua casa para se proteger do "coleguinha" que não sabe brincar sem machucar o outro?
_Será que é quem põe fogo numa árvore só por que nunca a escutou chorar?
_Será que é quem vê o "amiguinho" com fome e tem medo de dividir o lanche?
Quem cura esse mundo filho?
Na beira, na superfície, do lado de fora, invólucro, embalagem, pedra dura, litosfera...
E lá dentro tudo é movimento, é tudo magma, tudo fervilha para uma hora explodir.
_Sabe filho, a gente já explodiu o mundo duas vezes, duas explosões mundiais: de um lado o poder, do outro a ignorância.
_ E quem ganhou mamãe?
_A ignorância.
_Tsunâme é uma onda gigante que engole gente igual o lobo faz mamãe?
_É sim.
_Então por que você diz que o lobo não é mau?
_Porque lobo não devora lobo, meu filho.

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